quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A definição lusocêntrica da humanidade

Descobrir grandes diferenças entre os povos não é um fácil trabalho, já que Deus nos criou todos iguais.Mas alguém tem que fazê-lo e, mal por mal, mais vale que seja eu, que tenho a vantagem de discordar de mim próprio, mas de uma maneira aceitável e simpática.
(...)
Um grego, por exemplo, é um português mal disposto.
Podem depois juntar-se outras características - "que gosta excessivamente de beringelas", por exemplo - mas tenho para mim que é uma batota desnecessária. Na definição lusocêntrica perfeita, basta um adjectivo.
(...)
Um francês, por exemplo, é um português com a mania que é bom. Repare-se que também funciona ao contrário: um português, em larga medida, é um francês inseguro do valor dele.
Um inglês é um português solitário. Um italiano é um português feliz. Assim se vê que um italiano é o contrário de um grego, o que até é verdade. Seja como for, o português está sempre no meio, que é como convém.
De Agostinho da Silva roubo já a definição do brasileiro - é um português à solta. Como os solitários são retraídos e recatados, já se apura que um brasileiro é o contrário de um inglês e que o português é um brasileiro inglês ou um inglês brasileiro. Não sei se estão a apanhar o jeito.
Um espanhol é um português orgulhoso. Que bate muitas palmas. Não, esta segunda parte já não está autorizada pelo regulamento. Façam de conta que não leram.
Um japonês é um português tímido. Um argentino é um português que tem a mania que não é português. Um suiço é um português policial. Um alemão é um português profundo. Repare-se de passagem, com admiração, como evitei de todo o epíteto "nazi".
Um turco é um português violento. Um irlandês é um português simpatiquíssimo. Um belga é um português apátrida. Um australiano é um brasileiro inglês - não, esperem aí, já estou a fazer batota outra vez. Um australiano é, digamos, um português algarvio.
(...)
Um cubano é um italiano feliz - ou seja, um português duplamente bem disposto. Ainda mais afastado dos gregos do que se tinha visto até aqui...
(...)
in "A Minha Andorinha", de Miguel Esteves Cardoso

tenho apenas uma coisa a dizer: AHAHAHAHAHA!!! pronto, o homem está revelar-se genial.

2 comentários:

RK disse...

esse texto deixou-me com vontade de testar o livro.

deixei-te a resposta no meu blogui :P

Patrícia Belchior disse...

andorinha minha...

também estou a gostar:)