domingo, 3 de agosto de 2008

reflexões #10

à medida que vamos ficando mais velhos, a gravidade da merda que fazemos é maior.

sim, magoamo-nos uns aos outros; sem querer, de propósito, de propósito a fingir que é sem querer, e todas as combinações possíveis entre estas. são pequenas coisas, vamos esquecendo, vamos perdoando, vamos andando para a frente sem problemas. faz parte da vida.

mas às vezes fazemos uma granda merda. podemos até nem nos aperceber da gravidade do que fizemos, mas às vezes marcamos as pessoas para sempre. erros que envolvem traição são inesquecíveis. podemos não considerar traição o que fizemos, mas, se a outra pessoa achar, quem é que tem razão?

e se a outra pessoa nunca mais vai conseguir esquecer a merda que fizemos, e vai ter que viver o resto da vida com ela e suas consequências, não seria no mínimo justo que nós também nunca mais nos esquecêssemos?

podemos achar que não, quando fomos nós que errámos, mas se fosse ao contrário de certeza que o mínimo consolo possível seria saber que a outra pessoa também vive com o erro que cometeu e que se arrepende todos os dias.

uma coisa que me tira do sério é ver isso. ver que as pessoas que sofreram alguma coisa insuportável nunca mais vão ser as mesmas, que passam uns bons tempos na merda e a tentar sair dela, e que as pessoas que as foderam continuam a dormir bem à noite e nem se lembram que alguém neste mundo todos os dias acorda menos feliz do que era antes do que lhe fizeram. irrita-me que esqueçam isso. como quem esquece o mau filme que viram na TVI no domingo passado.

não devia ser assim.

Um comentário:

Isobel disse...

Há sempre alguém que lixa e alguém que é lixado... mais tarde ao mais cedo, acho que acabamos por ter os dois papéis, não morremos sem que isso aconteça..