sexta-feira, 6 de março de 2009

a maria gosta #5

eu preciso de organização na minha vida. não tanto de arrumação (embora também), mas de organização sem dúvida. organização e coerência. de coisas, de pensamentos, de sentimentos. inicialmente sou intuitiva e, à posteriori, tento racionalizar. pego no que sinto e direcciono-o para onde deve estar. gosto de ter cada coisa, cada pessoa no seu sítio. e de acordo com uma lógica minha, que aos outros pode/deve parecer desorganizada.

sou um bocado relutante à mudança, sou extremamente fiel. mas por outro lado adoro surpresas e coisas novas, e quando mudo sabe-me tão bem! aqui há uns anos obrigava-me a mudar o quarto todos os anos, dia 2 ou 3 de janeiro. mudava os móveis todos de sítio. às vezes nem gostava muito de como ficava, mas obrigava-me a imprimir um ritmo às coisas, para não estagnar. mas nessa altura tinha um quarto com quase 40 m2, tive que largar o hábito...

por exemplo, vou ao colombo jantar. há dezenas de restaurantes onde comer, e eu vou sempre aos mesmos 3 ou 4. se alguém me sugere outro, fico desconfiada. mas, geralmente, quando arrisco fico sempre satisfeita. e penso "para a próxima não me posso esquecer de que gostei", mas acabo sempre por me esquecer e voltar aos mesmos 3 ou 4.

em relação a música, aqui há uns 10 anos era absolutamente intransigente. só ouvia um estilo musical, e tudo o resto não prestava. depois o drum and bass infiltrou-se-me no coração, depois isto, depois aquilo, e agora finalmente ouço de tudo. há coisas de que não gosto muito (ou de que só gosto de alguns exemplos), e continuam a existir coisas que não tenho curiosidade em conhecer, mas generalizando acho que estou aberta a tudo. não deixo, no entanto, de preferir a minha origem e de continuar a ter ódios de estimação (ex.: lenny kravitz).

há aquelas coisas que queremos arrumar noutro sítio ou deitar fora, olhamos para elas mas não sabemos onde as pôr, ou não temos coragem de nos livrarmos delas e passamos anos nisto. no dia em que me dá a panca da arrumação, pego na primeira e só acabo quando está tudo em ordem. deito caixas e caixas de coisas para o lixo sem piedade, mudo tudo de sítio, arranco fotografias da parede, mudo quadros, colo posters, reorganizo estantes inteiras e finalmente respiro fundo e fico satisfeita.

quando a coisa nova finalmente se entranha, é a melhor coisa do mundo, já não quero largá-la por nada e é até enjoar!

há portanto, por um lado, uma fidelidade ao oldschool e às memórias; e, por outro, uma vontade de mudar e evoluir, de modo a somar o novo ao antigo e sair a ganhar.

e há também por oposição, por um lado, a falta de memória e a ignorância; e, por outro, a procrastinação (não é nenhum problema de bexiga) e a preguiça.

é uma arte, isto de atingir um equilíbrio entre o saber quando resistir contra a mudança e quando mudar...

ora, tudo isto para chegarmos à questão d'As Listas. faço lista das compras, lista de coisas a levar quando faço a mala para uma viagem, lista de filmes que quero ver, lista de filmes que vi, lista de música que quero experimentar ouvir, lista de coisas a fazer, lista de prendas de natal, lista de palavras fixes, lista de livros de quero ler, lista de pessoas a quem mandar postais, lista de sítios que quero visitar, lista dos melhores concertos a que fui, etc, etc.

adoro listas. fazer e ver as dos outros. uma vez estive a ver a agenda da inês e achei imensa piada às listas e anotações que ela foi fazendo ao longo do tempo de estágio em copenhaga. algum tempo depois acaba por se tornar como que num pequeno diário. agora ela pode relembrar o que viu, onde foi, as moradas dos amigos, as coisas que tinha que levar para as festas, e tudo o mais, durante esses meses. foi nesse dia que percebi que não era a única maluquinha das listas.

como o meu pai sabe disto, vai tentando fazer-me passar para as agendas electrónicas, palms ou agendas online, porque ele adora e acha muito úteis, mas eu sou muito oldschool. do que eu gosto nas listas é do pegar num papel branco e numa caneta e construir um pouco da minha vida ali com a minha letra e poder riscar e acrescentar coisas, mexer-lhe, virar a página, olhar várias vezes e metê-la no bolso ou na mala. e isso não acontece com uma palm, telemóvel ou agenda do outlook. portanto só quando deixarem de vender papel é que eu vou largar as moleskines, agendinhas, post-its, blocos de notas, marcadores, canetas de tinta permanente, lápis e borrachas e passar às electroniquices. a única desvantagem é que as agendas não apitam, mas se olharmos para elas todos os dias em princípio tudo corre bem.

as listas ajudam-me a evoluir, porque registo as coisas novas que aprendo e que quero aprender e conhecer, e ao mesmo tempo a organizar-me. adoro listas e, como a diana se fartou de me acusar em viena quando eu lhe dava um jeito ao quarto, às vezes pensava se não seria um bocado maníaca. mas não, porque gosto de as fazer mas não começo a coçar-me ou a bater com a cabeça nas parede se não fizer.

e, além disso, há todo um culto do fazer listas que eu desconhecia. é uma arte reconhecida, fazer uma boa lista.


então hoje fui pesquisar e encontrei 9 Reasons Why We Love Making Lists, adaptado daqui.

1. Lists bring order to chaos. "People are attracted to lists because we live in an era of overstimulation, especially in terms of information," says David Wallechinsky, a co-author of the fabulous Book of Lists, first published in 1977 and followed by subsequent editions. "And lists help us in organizing what is otherwise overwhelming."

2. Lists help us remember things.

3. Most lists are finite. They don't usually go on and on. And if they do, you can skip to the bottom of the list. The Internet Movie Database, for instance, lists its "bottom 100 movies as voted by users."

4. Lists can be meaningful. The Steven Spielberg classic Schindler's List is based on the true story of a German businessman who used a list of names to save more than 1,000 Jews from the concentration camps.

5. Lists can be as long or as short as necessary.

6. Making lists can help make you famous. Notable list makers include Thomas Jefferson, Peter Mark Roget, Martha Stewart and Benjamin Franklin. "A methodical and wry man," wrote Franklin biographer Walter Isaacson in Time magazine, "Franklin loved making lists. He made lists of rules for his tradesmen's club, of synonyms for being drunk, of maxims for matrimonial happiness and of reasons to choose an older woman as a mistress. Most famously, as a young man, he made a list of personal virtues that he determined should define his life."

7. Lists relieve stress and focus the mind.

8. Lists can force people to say revealing things.

9. Lists can keep us from procrastinating.


e portanto o lema desta história longa é: maria <3 listas

2 comentários:

juicebox disse...

eu acho que gostava mais delas se no as perdesse imediatamente após as ter feito. qual é a lógica de fazer uma lista de compras do supermercado para me esquecer dela em casa?

maria 3a disse...

daí as moleskines e afins :)