segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

reflexões #28 / querido diário #3


tenho tido muita muita muita sorte na vida. por vários motivos, mas hoje quero-me referir às pessoas que sempre me rodearam.

uma vez um dos meus progenitores (já não me lembro qual deles) disse-me que eu tinha muito jeito para escolher amigos, mas eu acho que é muito mais que isso. se eu encontrasse um bom amigo no meio de uma multidão de gente que não interessa, sim, seria uma questão de jeito, mas eu sempre estive rodeada de gente espectacular; se escolhesse ao calhas uma pessoa qualquer para ser minha amiga, teria grandes probabilidades de encontrar um bom amigo. portanto é uma questão de sorte, de boa fortuna, bom karma. até porque no lote de pessoas 5 estrelas que conheço se inclui toda a minha família mais próxima, e esta eu não escolhi, foi-me destinada.

claro que já muita gente me deu desgostos, mas não quer dizer que não fossem boas pessoas ou minhas amigas (tirando raras excepções). se dependemos dos outros para sermos felizes (e acabamos sempre por depender), mais tarde ou mais cedo qualquer coisa corre mal, mas faz parte.



esta foi a parte da reflexão. agora vamos à parte do diário, que, de certa forma, advém da reflexão.



este fim-de-semana teve pontos altíssimos, começando na 5ª feira e até hoje.

5ª feira: chego a casa cansada e gelada vinda do step, são 20h30 e estou a morrer de sono. abro o correio por hábito (é raríssimo ter alguma coisa) e tenho um postal XXXPECTACULAR do joão da terra! ainda para mais este postal não é daqueles postais "olá, tudo bem, comigo tudo, por aí como vão as coisas, por cá vai-se andando, o tempo e tal"; nada disso. é uma partilha de um pensamento, de um momento vivido ao final do dia, chegado do trabalho. é, ao fim e ao cabo, um wormhole para a mente (atribulada, confusa, demente, genial e linda) de um Amigo que perdura, apesar de 3 emigrações e insuficientes conversas nos intervalos entre elas. foi como tê-lo sentado ao meu lado outra vez, a rabujar com a dona paula da biblioteca, ou a torrada que estava demasiado queimada. tenho uma cicatriz chamuscada no coração, no sítio onde a saudade dele está a doer.

sábado: são 8h30 da manhã, estou a dormir profundamente (ou o mais profundamente que me é possível) há 4 horas, ainda estou ébria da festa de 6ª feira, e tocam-me insistentemente à porta. depois de tentar ignorar por alguns minutos, abro um olho e lá cambaleio até à porta. atendo e é uma encomenda para mim, um pacote grande embrulhado em papel pardo. da vera e da ângela. sento-me descalça, despenteada e de pijama na cama, mas agora com ambos os olhos esbugalhados e subitamente sem sono. abro um saco de papel do starbucks e lá de dentro tiro um termos do starbucks com corações vermelhos... desde que eu sou um embrião que um dos meus sonhos é andar com uma coisa destas! ir para o trabalho a beber café num termos GIRÍSSIMO é uma cena que eu nem tenho palavras para descrever... comecei a chorar. e depois abri uma caixa da tom tom shop. era uma torradeira cor-de-laranja que tosta "i love you" nas torradas... continuei a chorar. depois abri o postal e li. chorei ainda mais, e depois voltei a adormecer com as minhas prendas ao meu lado na cama.

hoje/2ªfeira: do nosso grupo, eu, a claire e o marco gostamos de ler. mas a claire só lê basicamente autores franceses e o marco e eu temos um pouco mais de terreno em comum (ou tentamos ter). partilhámos um com o outro quais os nossos livros favoritos na nossa língua mãe (e o marco até me disse que queria ler fernando pessoa e eu fiquei de queixo caído e já tentei arranjar qualquer coisa em italiano mas ainda não encontrei) e ele disse-me que o livro italiano preferido dele é o il sistema periodico do primo levi. como estou farta de inglês e preciso mesmo de ler em português porque parece que já não sei nada, tentei encontrar a tradução quando fui a portugal, mas disseram-me que a única edição que existiu esgotou e não publicaram mais. ora, o marco foi a itália este fim-de-semana. hoje chegou ao meu escritório, deu-me um embrulho, piscou-me o olho e foi-se embora outra vez. claro que assim que vi o que era, fui a correr atrás dele e enchi-o de beijos - arranjou uma tradução em brasileiro. nunca li nenhum livro traduzido em brasileiro, preferia sempre em inglês, mas de qualquer modo com o novo acordo ortográfico é quase a mesma coisa, e estou mesmo farta de inglês, por isso vai-me saber bem!




às vezes as pessoas perguntam-me como é que eu posso estar sempre feliz; é uma discussão que tenho com muita gente, o facto de me considerar uma pessoa feliz mesmo quando estou triste ou me acontecem coisas más. se tivessem uma vida como a minha, acho que também seriam assim.

2 comentários:

Rafaela disse...

amiga, posso ir visitar-te um destes fds??? posso? posso?

leo disse...

=)