terça-feira, 29 de julho de 2008

o dia glorioso


acabei hoje o IST.

na realidade não acabei, falta-me escrever uma tese e só "acabo" em dezembro, mas isso não me interessa. o que sempre me interessou foi acabar a última cadeira, passar o último exame. e isso aconteceu hoje, quando eu não estava à espera. a sensação é indescritível.

e o meu pai escreveu-me um mail tão cómico como bonito, e acho que merece ser tornado público, visto que é aplicável a muitos de vocês que estão a ler isto:

Cara Dra ****** ********

Venho por este meio (usando o endereço de mail do seu pai - admirável pai, se me permite que o diga), contactar V. Exa, no sentido de, por um lado, exprimir a minha alegria por saber dos seus sucessos académicos e, por outro, deixar os meus préstimos e conselhos de forma que possam vir a ser úteis a V. Exa. no seu percurso, no qual a humanidade tantas esperanças deposita. Permita-me, pois, que comece do princípio.

1. Quanto à minha alegria: não é todos os dias que se produz tão ilustre personalidade académica; não é todos os dias que se consegue formar e transmitir conhecimentos que a humanidade a tanto custo comprou; não é, ainda, todos os dias que se consegue passar na nossa última disciplina (unidade curricular, diria mesmo); não é todos os dias que se termina uma licenciatura. Este é, pois, como disse, um dia de alegria. E aquelas garrafas de vinho do Porto que se encontram no hall do seu prestimoso pai têm os dias (minutos, diria) contados. E se sobrevier um caso de coma alcoólico, pois que seja. Em nome da humanidade! Preciso, preciso, é que aquele vinho não tenha químicos (brincadeira, se V. Exa. me permite a aleivosia). Irei de seguida transmitir tão radiosa mensagem à Senhora sua Avó.

2. Quanto a conselhos, não me permito pensar que possa ter algo em mim que V. Exa. desconheça. Mas gostaria de sugerir alguns pensamentos.

a. Desde logo, a constatação de que este momento é importante nas nossas vidas. Não por ser especial, mas por, de algum modo, ser neste momento que decidimos quem somos, e como queremos viver a vida. Há sempre alguma inconsciência na segurança de se ser aluno, e se estar ainda em fase de "preparação" para a vida. Mas agora será a valer. O que somos e seremos, começa, em grande parte, aqui. Não o que fazemos, ou onde trabalhamos, porque isso muda constantemente. Mas o que somos, e como vivemos a vida, define-se no início, e dificilmente se muda depois. No teu caso (se a Dra. me permite a familiaridade no tratamento), és uma pessoa de bem. É assim que te defines, e orientarás o teu futuro. Não como Química, não como descobridora de agentes anti-cancerígenos, mas como uma pessoa excelente, estejas onde estiveres. É assim que tens de te ver a ti mesma;

b. Estou muito orgulhoso (ou estaria, se fosse o seu pai, e não um humilde correspondente de V. Ex, usando abusivamente o mail de tão respeitável pessoa). Se vos trouxe até aqui, alguma coisa devo ter feito bem. Yuhuu!!!!!!!!!!! Agora só falta mesmo é cumprires a tua parte, e propagares o maravilhoso código genético que herdaste...Depois de uma namoro prolongado e submetido à aprovação do teu pai, bem entendido.
Espero poder continuar a contar com a amizade de V. Exa, e que não obste a isso o maravilhoso facto de ter a Vossa pessoa ascendido no dia de hoje a alturas que só em imaginação eu alcanço. Mas espero que se compadeça de nós, seres rasteiros, e me continue a honrar com a sua amizade.

E mais não digo, porque, apesar de ter começado a brincar, estou a ficar enternecido. Ora, como se sabe, ficar enternecido é meio caminho para que os nossos filhos nos percam o respeito. Assim, despeço-me com um abraço viril e um escarro no chão. Ptuiiii!

Subscrevo-me, com as maiores consideração e reverência, usando a minha nova identidade, aquela pela qual passarei doravante a ser conhecido:

O pai da Dra. ****** ********


percebem agora, suponho, porque é que adoro a minha família, porque é que sou lamechas como sou, porque é que sou feliz, porque é que hoje em particular me sinto completa.

obrigada a todos aqueles que ficaram felizes por mim, eu sei que não são poucos, e sei muito bem quem são =)



hoje sinto-me <3.

reflexões #9

às vezes os amigos falham. porque lhes falta sensibilidade num determinado assunto, porque têm outra coisa na cabeça, porque não dão importância às mesmas coisas que nós, porque não têm noção do que nos atormenta, etc. às vezes temos que fechar os olhos a estas pequenas coisinhas, se queremos que também gostem de nós quando for a nossa vez de falhar. senão qualquer dia não tínhamos amigos, e isso é que nunca pode faltar. principalmente se forem daqueles que nos fazem bem, nos fazem rir, nos fazem melhores pessoas.

quando o vosso amigo falhar, antes de se chatearem com ele imaginem a quantidade de vezes que vocês já lhe devem ter falhado e ele não disse nada.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

coisas da química #1

hoje fiquei revoltada e apetece-me contar esta história, apesar de não ter interesse nenhum.

os compostos que sintetizamos têm que ser guardados num congelador que existe para o efeito no laboratório, de modo a não se decomporem. e, como todos os congeladores, volta e meia tem que ser descongelado. aproveitando este acontecimento, trocam-se os compostos que estão em balões para uns frasquinhos pequeninos. desta forma, ganha-se imenso espaço e organização no congelador, e muitos balões para fazer reacções. (no meu caso e do carles, que somos os piores, escondemos todos os nossos balões, porque há falta deles, pra nós termos muitos e cagamos totalmente nos outros)

estava eu então hoje nesta faina - dissolver o composto no balão, com uma pipeta pasteur passar para o frasquinho, pôr os frasquinhos todos numa situação que serve pra evaporar o solvente dos frasquinhos, esperar que evapore tudo, tapar, pôr parafilme, pôr todos os frasquinhos numa caixinha - com todo o cuidadinho... QUANDO:

olho para dentro de um dos frasquinho que estava a ser evaporado e o que é que vejo lá dentro?


de notar que eu estou a fazer síntese de um fármaco com potencial anti-cancerígeno, isto é, possível e idealmente daqui a uns anos alguém vai tomar o medicamento que vai surgir da reacção destes compostos que estão nos frasquinhos.
de notar também que ando a trabalhar nisto há 6 meses, e antes de mim já outras pessoas tinham trabalhado, e ainda não consegui obter nada.
de notar que nestes 6 meses trabalhei uma média de 11h/dia.
de notar ainda que às vezes passo dias só a purificar a porcaria dos compostos, e a coisa que eu mais odeio são purificações.

ora portanto, voltando ao frasquinho... o que é que estava lá dentro?!








UMA MOSCA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!









peloamordedeus....................

quarta-feira, 23 de julho de 2008

private joke

há umas semanas lembrei-me de uma coisa em que não pensava há meses e meses e ri-me bué.
agora voltei a lembrar-me dela.
só pra quem sabe:

não tem dentes?! NNNNNÃO TEM DENTEEEEES?!?!

acho que nunca na vida me vou deixar de rir com isto =)

domingo, 6 de julho de 2008

tenho 2 coisas a dizer:

1. tenho-me apercebido de que tenho visitas de vários países onde nunca estive nem conheço ninguém. a essas pessoas que me visitam daí à procura de um blog onde possam aprender alguma coisa, peço desculpa. este blog foi criado sempre com a intenção de dar miminhos às minhas pessoas. começou por servir para encurtar a distância entre portugal e frança, e agora encurta distâncias entre espanha e uma carrada de países. imagino que para quem esteja de fora do "núcleo" seja uma seca, mas nunca vai deixar de ser assim. no dia em que quiser um blog pseudo-intelectual (internem-me por favor numa instituição psiquiátrica e aí sim) faço outro.

2. queria agradecer a todos aqueles que estiveram comigo durante a minha estadia em portugal. isto não é para castigar aqueles que não puderam, de longe. é mesmo só porque reconheço que fui numa altura má (exames e trabalhos finais), e que não é fácil nessa fase arranjar tempo para vida social, ainda por cima com timeframes tão curtas. eu já estive desse lado e sei que não é "cheguei! venham ter comigo agora, porque só tenho tempo hoje nestas 2 horas!". e por isso agradeço aos que fizeram sacrifícios para me dar a alegria da sua presença e àqueles que tiveram pena de não o poder fazer.

e é tudo por hoje. vou voltar à minha dor de cabeça gigante e à minha ventoinha apontada à cara para tentar esquecer-me que toda a gente está na praia enquanto eu estudo mecanismos.

sábado, 5 de julho de 2008

dedicatória #6 / homenagem #8 / reflexões #8

mergulhas numa piscina num dia de calor intenso. estás tão quente que aquele contacto com a água fria é violento, mas passa ao fim de poucos segundos e já te começa a saber bem o fresquinho e sentes o corpo todo a arrefecer. começas a nadar debaixo de água, e lembras-te de como os movimentos são muito mais naturais e suaves dentro de água. reparas nos raios de sol filtrados pela água e nos movimentos e reflexos que faz, e adoras. é tudo maravilhoso, a temperatura, as cores, as sensações. se pudesses suspirar de alívio sem te afogares, era o que farias neste momento.

ao fim de mais uns segundos começa a faltar-te o ar, mas impuseste a ti próprio chegar ao fim da piscina e continuas. tentas concentrar-te nos movimentos que tens que fazer, mas com tanto esforço eles deixam de sair tão naturalmente e nunca te levam tão rápido como querias. além disso, a falta de ar começa a afectar-te e a última coisa em que reparas é nos raios de luz ou no que quer que seja. das duas uma: ou a água está realmente fria e passas também a ter frio, ou não está suficientemente fria para te arrefecer dos movimentos vigorosos que estás a fazer e começas a ter calor.

já vês o fim da piscina lá ao fundo, mas já não sabes se aguentas até lá. começa a doer-te a cabeça da falta de oxigénio no cérebro. podes inclusivamente começar a ter cãimbras. começas a pôr em causa a tua sanidade mental. porque raio é que te foste lembrar de fazer isto? já não te lembras do que te motivou e nem tentas lembrar-te porque precisas do pouco oxigénio que resta para coisas mais importantes, como chegar vivo ao fim. ninguém te mandou fazer isto, ninguém te critica se parares, mas não queres fracassar. tentas distrair-te, concentrando-te novamente no que encantou ao início, mas já passou demasiado tempo e a falta de ar já é insuportável.

duas hipóteses: vens à superfície antes de conseguires tocar na parede da piscina porque não queres saber de desgraças, ou fazes das tripas coração e lá chegas ao fim. em qualquer das situações, não há coisa mais maravilhosa do que aquela primeira tragada de ar que parece não ter fim. metes ar para dentro até os teus pulmões chegarem ao limite, e repetes isso com pressa, até sentires que voltaste ao ritmo dito normal (por muito que durante uns bons minutos de vez em quando voltes a inspirar bem fundo para aproveitar o facto de teres voltado à vida). afinal o sol é muito mais bonito cá fora. as cores, os movimentos, as sensações. e ainda por cima respira-se muito melhor.






ok. podia não explicar nada, porque acho que dá para perceber, mas vou dar umas linhas de orientação para a interpretação desta metáfora que criei e em que tenho pensado muito.

esta imagem que descrevo é o que eu sinto sobre a emigração.

ao início é tudo muito giro e perfeito, é bom, sabe bem, faz bem. mas chega ali a uma certa altura e já é masoquismo.

o oxigénio para mim é lisboa, é a comida portuguesa, é o sítio que me viu nascer, são todos os sítios especiais por isto ou por aquilo, é toda a aura do que já vivi ali, é a língua linda que é o português, os velhotes e velhotas que andam nas ruas. é o porto, o algarve, a costa alentejana, as aldeias perdidas nas montanhas onde as pessoas andam de cajado nas mãos, o feeling, os defeitos todos dos portugueses que fazem parte de mim também e que nos tornam únicos. é o fado, a saudade, os eléctricos e as colinas, mas, acima de tudo, são as minhas pessoas. e toda a gente sabe que não se pode viver sem oxigénio.


fui então a portugal e respirei fundo fundo fundo, para guardar O2 para os próximos meses.


os mini-santos da bica
(para quem não tem santos populares há 2 anos, soube a pato!)





os gajos








as gajas
















é evidente que se o homem se põe a cantar juanes - tengo la camisa negra como negra tengo el alma - os emigrantes do país vizinho vão enlouquecer...
























a malta









mais malta







o típico comboio










momento paredes de coura '07


















o senhor que nos proporcionou música tão boa, ficou triste porque só aparecemos 1h antes de ele se ir embora e nos expulsou do palco porque disse que não o deixávamos brilhar






o senhor do calção vermelho que provocou largos minutos de risada







já se vê porquê









sim rodrigo, ficas muito melhor com o casaco do ricardo!










a malta no incógnito








com a língua azul de tanta caipiroska negra a 2 euros no baratux... que saudades!







breve intersecção entre os caminhos da angie e da maria





esta gaja é mesmo linda <3


é verdade, o rosa voltou!








ai pipa pipa... os disparates a que me obrigas...










ai lisboa lisboa...










ai bairro bairro...





















smiley da pipa + rasta do david = smiley rastafari





















antes do álcool










depois do álcool







































a maria tinha saudades do rosa!


























o ricas tinha saudades dos beijinhos da maria








aquelas fotos estranhas que se tiram e no dia seguinte ninguém se lembra porquê...







o que senti quando olhei para trás e vi a crew a subir o bairro ao fim de tanto tempo não tem explicação...









bairro alto = <3




sexy mamas







como é que posso olhar pra esta gente e não querer ficar ali para sempre?
é por isso que não percebo as pessoas que vão montes de anos para longe e que inclusivamente pensam em nunca mais voltar. devem ter guelras para respirar debaixo de água. ou então não têm pessoas e cidades como as minhas <3

quinta-feira, 3 de julho de 2008

o último exame do técnico

mary & angie voltaram a encontrar-se, desta vez em lisboa para fazer "O Último Exame do Técnico". com exame na 6ªfeira, encerrámo-nos na V0.03 na 4ªfeira e 5ªfeira para fazer um estudo intensivo que duraria 2 dias (não tínhamos mais tempo). na noite de 5ªfeira, aquela bela noite que sempre antecede os exames, depois do jantar no atrium e a caminho do estudo de última hora (aquele que, se não for feito, se chumba), os ataques de riso compulsivos começaram:



na madrugada seguinte, antes do exame e enquanto se toma o pequeno-almoço na esplanada de civil, cábulas foram feitas (e não só por nós, toda a esplanada se tornou num antro de maus costumes). de notar que eu estou a copiar as cábulas da angie, mas as minhas estão mais bem feitas porque não se notam, as dela parecem apontamentos.


"maria, uma para a posteridade! hei-de mostrar aos teus filhos as coisas que tu fazias!"
"oh filhos, isto não se faaaaz! não nãããão!"


são neste momento 8h30. o exame é às 9h. cábulas feitas, pequeno-almoço tomado, café bebido, cigarro fumado, fomos a caminho da sala para nos instalarmos. com papelada a saltar pelos bolsos e coração a saltar pela boca, lá subimos o elevador da torre. não desaparecia o pensamento "este pode ser o nosso último exame do técnico"...
eis quando senão: chegamos à porta da sala e...

UM POST-IT?! o nosso último exame do técnico foi adiado para as 10h por um POST-IT?! e isto excluindo o momento inicial em que se entra em pânico a pensar que o exame já foi... é mesmo à pombeiro. um post-it... pfff
temos que fazer 1 hora. vamos para o jardim de química tentar relaxar


e fazer mais um estudo de última hora e fumar uns cigarros.

e pronto, terminou a saga. o exame foi feito e nada mais aconteceu, a não ser os olhares de desespero trocados a meio do exame (juntamente com a máquina gráfica com uma perguntinha escrita) quando não estava a correr da melhor maneira.


é de referir que foi realmente "o último exame do técnico" para a angie e não para mim. mas o que é que isso interessa? o sentimento esteve lá à mesma.