mergulhas numa piscina num dia de calor intenso. estás tão quente que aquele contacto com a água fria é violento, mas passa ao fim de poucos segundos e já te começa a saber bem o fresquinho e sentes o corpo todo a arrefecer. começas a nadar debaixo de água, e lembras-te de como os movimentos são muito mais naturais e suaves dentro de água. reparas nos raios de sol filtrados pela água e nos movimentos e reflexos que faz, e adoras. é tudo maravilhoso, a temperatura, as cores, as sensações. se pudesses suspirar de alívio sem te afogares, era o que farias neste momento.
ao fim de mais uns segundos começa a faltar-te o ar, mas impuseste a ti próprio chegar ao fim da piscina e continuas. tentas concentrar-te nos movimentos que tens que fazer, mas com tanto esforço eles deixam de sair tão naturalmente e nunca te levam tão rápido como querias. além disso, a falta de ar começa a afectar-te e a última coisa em que reparas é nos raios de luz ou no que quer que seja. das duas uma: ou a água está realmente fria e passas também a ter frio, ou não está suficientemente fria para te arrefecer dos movimentos vigorosos que estás a fazer e começas a ter calor.
já vês o fim da piscina lá ao fundo, mas já não sabes se aguentas até lá. começa a doer-te a cabeça da falta de oxigénio no cérebro. podes inclusivamente começar a ter cãimbras. começas a pôr em causa a tua sanidade mental. porque raio é que te foste lembrar de fazer isto? já não te lembras do que te motivou e nem tentas lembrar-te porque precisas do pouco oxigénio que resta para coisas mais importantes, como chegar vivo ao fim. ninguém te mandou fazer isto, ninguém te critica se parares, mas não queres fracassar. tentas distrair-te, concentrando-te novamente no que encantou ao início, mas já passou demasiado tempo e a falta de ar já é insuportável.
duas hipóteses: vens à superfície antes de conseguires tocar na parede da piscina porque não queres saber de desgraças, ou fazes das tripas coração e lá chegas ao fim. em qualquer das situações, não há coisa mais maravilhosa do que aquela primeira tragada de ar que parece não ter fim. metes ar para dentro até os teus pulmões chegarem ao limite, e repetes isso com pressa, até sentires que voltaste ao ritmo dito normal (por muito que durante uns bons minutos de vez em quando voltes a inspirar bem fundo para aproveitar o facto de teres voltado à vida). afinal o sol é muito mais bonito cá fora. as cores, os movimentos, as sensações. e ainda por cima respira-se muito melhor.
ok. podia não explicar nada, porque acho que dá para perceber, mas vou dar umas linhas de orientação para a interpretação desta metáfora que criei e em que tenho pensado muito.
esta imagem que descrevo é o que eu sinto sobre a emigração.
ao início é tudo muito giro e perfeito, é bom, sabe bem, faz bem. mas chega ali a uma certa altura e já é masoquismo.
o oxigénio para mim é lisboa, é a comida portuguesa, é o sítio que me viu nascer, são todos os sítios especiais por isto ou por aquilo, é toda a aura do que já vivi ali, é a língua linda que é o português, os velhotes e velhotas que andam nas ruas. é o porto, o algarve, a costa alentejana, as aldeias perdidas nas montanhas onde as pessoas andam de cajado nas mãos, o feeling, os defeitos todos dos portugueses que fazem parte de mim também e que nos tornam únicos. é o fado, a saudade, os eléctricos e as colinas, mas, acima de tudo, são as minhas pessoas. e toda a gente sabe que não se pode viver sem oxigénio.
esta imagem que descrevo é o que eu sinto sobre a emigração.
ao início é tudo muito giro e perfeito, é bom, sabe bem, faz bem. mas chega ali a uma certa altura e já é masoquismo.
o oxigénio para mim é lisboa, é a comida portuguesa, é o sítio que me viu nascer, são todos os sítios especiais por isto ou por aquilo, é toda a aura do que já vivi ali, é a língua linda que é o português, os velhotes e velhotas que andam nas ruas. é o porto, o algarve, a costa alentejana, as aldeias perdidas nas montanhas onde as pessoas andam de cajado nas mãos, o feeling, os defeitos todos dos portugueses que fazem parte de mim também e que nos tornam únicos. é o fado, a saudade, os eléctricos e as colinas, mas, acima de tudo, são as minhas pessoas. e toda a gente sabe que não se pode viver sem oxigénio.
fui então a portugal e respirei fundo fundo fundo, para guardar O2 para os próximos meses.
os mini-santos da bica
(para quem não tem santos populares há 2 anos, soube a pato!)
os gajos
as gajas
é evidente que se o homem se põe a cantar juanes - tengo la camisa negra como negra tengo el alma - os emigrantes do país vizinho vão enlouquecer...
a malta
mais malta
o típico comboio
momento paredes de coura '07
o senhor que nos proporcionou música tão boa, ficou triste porque só aparecemos 1h antes de ele se ir embora e nos expulsou do palco porque disse que não o deixávamos brilhar
o senhor do calção vermelho que provocou largos minutos de risada
já se vê porquê
sim rodrigo, ficas muito melhor com o casaco do ricardo!
a malta no incógnito
com a língua azul de tanta caipiroska negra a 2 euros no baratux... que saudades!
breve intersecção entre os caminhos da angie e da maria
esta gaja é mesmo linda <3
é verdade, o rosa voltou!
ai pipa pipa... os disparates a que me obrigas...
ai lisboa lisboa...
ai bairro bairro...
smiley da pipa + rasta do david = smiley rastafari
antes do álcool
depois do álcool
a maria tinha saudades do rosa!
o ricas tinha saudades dos beijinhos da maria
aquelas fotos estranhas que se tiram e no dia seguinte ninguém se lembra porquê...
o que senti quando olhei para trás e vi a crew a subir o bairro ao fim de tanto tempo não tem explicação...
bairro alto = <3
sexy mamas
como é que posso olhar pra esta gente e não querer ficar ali para sempre?
é por isso que não percebo as pessoas que vão montes de anos para longe e que inclusivamente pensam em nunca mais voltar. devem ter guelras para respirar debaixo de água. ou então não têm pessoas e cidades como as minhas <3
é por isso que não percebo as pessoas que vão montes de anos para longe e que inclusivamente pensam em nunca mais voltar. devem ter guelras para respirar debaixo de água. ou então não têm pessoas e cidades como as minhas <3
5 comentários:
caraças maria! que texto bonito! :)
E dizias tu nos nossos Mini-Santos que eu era a inspiração?...Não precisas disso...
Desculpa não ter ido ao jantar...Mas os valores familiares falaram mais alto.
Um beijo*
ps- gostei da metáfora...principalmente porque hoje ao almoço me falaram dela.Mal sabia eu onde ía encontrá-la :)
A cabeça doi por falta de oxigénio mais do que por qualquer outro motivo...Doi a cabeça e doi todo o corpo e apendices afins...às vezes cantava baixinho: "this place is a prison...these people aren't your friends...how long must i wait?" E depois respirava fundo...
Mas quando a cabeça começa a doer mais é quando a abanamos em demasia em busca de uma recordação pictográfica que dure no tempo e q imortalize um momento...Só que nessa busca, nao conseguimos nunca apanhar a revolução de ideias, sentimentos, macacos no sotão que lá vao dentro e depois acontece q n sabemos ao certo se conseguimos chegar ao cimo da rua do elevador da glória...e é por essas e por outras que esta dor de cabeça é uma boa dor de cabeça!
E agora q vens ca p melhorar notas e ver ratm temos de abanar com mais jeito a cabeça para o mais tarde recordar ser ainda uma maior dor de cabeça...
...no dia a seguir...
...ou para sempre...
beijinhos veneza!!!
ler o teu texto fez despertar sensações mto boas e reconfortantes dentro de mim...
obrigada 3a
<3
eu vou respirar muito oxygénio para poder gritar assim JE T´AIMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!!!!!! :)
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