quinta-feira, 30 de abril de 2009

hoje (ou ontem, para todos os efeitos) limpei a casa quase toda, comprei todas as coisas que me faltavam e ainda tive direito a jantar de despedida e copos (iscas e ginginha!!!). obrigada a todos os que apareceram apesar de ter avisado em cima da hora, e a todos os que mandaram msgs e telefonaram a desejar boa viagem e afins. se pudesse levava-vos comigo.

são agora quase 2 da manhã, voltei do bairro, e tenho tudo espalhado na cama e no chão do quarto e as duas malas abertas. são duas porque a minha mãe passa o fim-de-semana comigo e assim levo quase o dobro das coisas que levaria sozinha. já fiz check! a tudo o que estava nas intermináveis e incontáveis listas e agora só tenho que as arrumar da melhor maneira - o mais pesado às costas para não ultrapassar o peso, o que é sempre agradável.

e põe-se a questão: como é que se vai viver para um sítio longínquo (ou nem tanto) sozinha por 6 meses e se leva apenas 20 kgs? mesmo que sejam 40 kgs! apetece-me levar tudo o que possuo! secador de cabelo, máquina de fazer sumos, varinha mágica, edredons, lençóis, almofadas, rádios do duche, rádios sem ser do duche, máquinas fotográficas, mr. potato transformers, babyliss, champôs e cremes para o cabelo, medicamentos, fotos, carteiras, cintos, ténis e botas, casacos de verão e de inverno....... quem sou eu sem estas coisas todas?! e o pior são os livros! entre moleskines e agendas, sebentas de orgânica, solomons (ando sempre com ele atrás), livros de alemão, livro do desassossego, antónio gedeão, 1984, jack kerouac, história do século XX, miguel esteves cardoso e afins... acho que já tenho uns 10 kgs e quero levar tudo! sei lá o que me vai apetecer ler e vestir e fazer em 6 meses! eu que até só levo 4 pares de ténis + havaianas...

mas como o que eu queria mesmo era dormir alguma coisa, vou atacar esta desarrumação momentânea, rezar para não ultrapassar o peso (porque senão não sei o que deixar para trás), e deixemo-nos de lengalengas! acabei de me aperceber da genialidade desta palavra: lengalengas. se disserem muitas vezes seguidas é XXXpectacular!

não sei quando voltarei a ter net, portanto... esta fossa aqui fica à espera de novidades vindas de mülheim an der ruhr.

the adventure begins! auf wiedersehen!

terça-feira, 28 de abril de 2009

reflexões #22 - quarter life crisis

ultimamente as minhas conversas giram todas à volta da quarter life crisis. no meu caso é capaz de ter sido agravada pelo 2008 que tive, mas em geral todos estão a passar por isso, pela nova adolescência.

é difícil termos total confiança em nós, sabermos o que queremos da vida, encontrarmos um trabalho que nos preencha, saber deixar para trás o que já é tempo de ultrapassar e ao mesmo tempo abraçar as oportunidades que nos aparecem sem termos problemas de identidade. as relações com os nossos amigos mudam, porque agora cada um tem a sua vida e agora há um esforço envolvido no manter das relações que antes não tinha que existir. a separação da família acontece mais tarde e é difícil fazer isto sem ferir susceptibilidades e da forma mais natural possível. aquilo que antes era o único caminho a seguir (arranjar um trabalho depois de acabar o curso, casar e ter filhos) agora não funciona. praticamente nenhum casal fica junto para sempre, o divórcio é uma fase da vida como outra qualquer. não é fácil arranjar trabalho e muitas vezes temos que passar anos a investir no resto das nossas vidas antes de conseguir arranjar algo que nos preencha.

por tudo isto andamos à procura de respostas. redescobrimo-nos, voltamos a colocar questões que nem estávamos à espera de ter por esta altura. e isto é confuso.

tudo é particularmente complicado nos casos em que o sair de casa não é simplesmente sair de casa, mas sim mudar de país, de língua, de amigos, de tudo o que se conhece. a nossa história, tudo aquilo que nos transformou no que somos hoje, está longe.


claro que este assunto dá para horas e horas de discussão e muito já tenho falado sobre isto diariamente com as mais diversas pessoas, mas agora não tenho tempo. tenho uma mala para fazer. o countdown continua.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

dedicatória #11

"eu tenho dois amores" em paris. mas hoje o que interessa é o meu amor de cabelo cor-de-laranja.


faz de conta que hoje é ontem. queria muito estar contigo. fazes muita falta no meu dia-a-dia, de tal forma que falo de ti praticamente todos os dias como se ainda estivesses cá. quando estou contigo sabe sempre a pouco, e nos dias especiais a distância ainda pesa mais. gosto de ti para sempre. parabéns*

quinta-feira, 23 de abril de 2009

reflexões #21

esta emigração que vai suceder de hoje a 8 já começou a provocar nervosismo. desta vez não quero jantares de despedida, nem choraminguices. vai ser literalmente um "volto já".

vai ser duro, estou preocupada, mas sei também que vai passar num ápice. desta vez vou viver mesmo sozinha, a pressão no trabalho vai ser muito maior, não vou conseguir perceber as conversas nos transportes públicos, se quiser uns ténis nem sequer sei pedir o meu número para experimentar... mas 6 meses passam num instante, mesmo que sejam uns 6 meses duros.

já começo a estar um pouco insensível a isto, sinceramente. sinto-me tão massacrada pelas distâncias e despedidas constantes... já disse isto uma vez, mas repito: sinto que nos últimos 2 anos não tenho feito outra coisa sem ser despedir-me de pessoas de quem gosto.

mas ao mesmo tempo sinto que estou a precisar em muitos aspectos. a única coisa que acho é que já podia ter começado em janeiro ou fevereiro em vez de estar sem fazer nada, e neste momento já só faltariam 3 ou 4 meses para voltar. vou ter muitas saudades, decerto, mas mesmo quando vivo em lisboa convivo diariamente com a saudade. são só mais uns quilos em cima do peito, i can take it.

e agora vou jantar com 2 pessoas, essas sim, cuja falta me vai fazer chorar de vez em quando. e depois indie, que não pude ir no ano passado!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

pronto, já me estragaram o dia. e não só.

obrigada. é da maneira que já estou ansiosa por emigrar.
oh happy day!



verão em alfragide, starbucks do amor (frappuccino + white chocolate cookie), verão no saldanha, 25ºC em todo o lado, calor, ténis novos do bufo, planos para o futuro, optimismo.

oh happy day!

terça-feira, 21 de abril de 2009

reflexões #20

uma vez o dalai lama disse-me (a mim e não só) que os nossos problemas advinham precisamente das 2 qualidades que nos diferenciam do resto dos animais que habitam neste planeta: a inteligência e a memória.

o facto de aprendermos com as experiências a um nível tão profundo, de formas que por vezes nem nós próprios chegamos a perceber, de compreendermos o que nos acontece, as consequências do que acontece e porque acontece, de termos o nosso passado tão presente, e estabelecermos paralelismos e extrapolações entre tudo, tem um lado bom e um lado mau. o lado bom é óbvio; mas todos os nossos rancores, medos, traumas, ódios, vergonhas são combinações disso também.

isto foi mais ou menos o que ele explicou e tenho pensado muito nisso. e é um pouco triste que as nossas maiores qualidades sejam ao mesmo tempo aquelas que nos provocam depressões, nostalgias, tristezas, angústias, medos que não nos deixam evoluir. mas como lutar contra isto? filtrar e deixar passar só o bom é uma tarefa difícil.

domingo, 19 de abril de 2009


estou no dentista com o meu irmão, sentada à espera da nossa vez, quando o telefone toca. apesar de estar enjoada do cheiro de desinfectante até à medula, ali estou eu, noutro consultório a cheirar a coisas levemente amoniacais com pessoas a passear de sandálias brancas e solas de borracha. o dia começou bem, parece que vai ser um bom dia. é dezembro e o sol brilha. já não recebo uma boa notícia há meses, mas às vezes a única coisa que sobra é a esperança.

apesar de ser a minha tia a ligar e ser demasiado cedo para coisas promissoras, atendo ainda com uma leve esperança na voz.

passados 10 minutos está toda a gente da sala de espera a tentar não olhar especado para mim enquanto eu tento fingir que tudo na minha vida está bem.

passada 1 hora estou a caminho do hospital, porque não há mais ninguém que possa ir buscar as coisas dela. eu é que entrei com ela no hospital e levei as coisas dela, acho que acaba por fazer um certo mórbido sentido ser eu a ir buscá-las. é pena não poder trazê-la para casa desta vez.

o que ninguém me tinha dito é que ela ia estar lá tapada com um lençol.

por isso, do alto dos meus 25 anos de vida, exactamente 1 mês e meio depois de ter visto um dos homens da minha vida pela última vez naquele mesmo andar daquele mesmo hospital, percorro o corredor do 3º andar do hospital da luz pela que me parece a milésima vez, olho para a cara de todo o staff que já me conhece de cor e nem consegue reagir ao desespero e solidão resignados estampados na minha cara, entro naquele quarto às escuras e fico sozinha com a minha avó.



só que se tivesse chegado 3 ou 4 horas antes, se calhar ela não teria estado sozinha quando lutou pela última vez para o ar entrar e ele não chegou.



há muito poucos momentos neste meu quarto de século tão marcantes como este.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

se tivesse que resumir a minha páscoa numa foto (digital) teria que ser esta.



paris é fixe, mas a melhor parte são vocês. onde quer que eu vá, levo-vos comigo. obrigada por me terem recebido tão bem*

segunda-feira, 13 de abril de 2009

estou de férias. sim, é preciso férias do desemprego de vez em quando.

principalmente para não pensar no facto de daqui a 2 semanas ser dia de emigrar.

e tenho a dizer que em paris estão cerca de 20ºC e tá-se bem. ontem badeira de vodka preta, hoje de vinho tinto francês. a vida é bela.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

o post anterior levanta uma questão pertinente, que me foi posta por algumas pessoas:

- qual é O Negócio Ilícito nº1?


tudo se passa num dia qualquer por volta das 18h30. o sol portanto brilha ainda mais intensamente do que durante O Negócio Ilícito nº2.

há uma fábrica abandonada que delimita o lado direito do já referido e pseudo-famoso parque.

a maria iniciou agora mesmo a sua corrida e está a percorrer a estrada que acompanha a fábrica. ao chegar quase ao fundo do parque vê que chega um velhote com barba desgrenhada e roupa suja, que se senta ao sol em cima de uma pedra encostada à fábrica.

até aqui tudo bem.

a maria prossegue a corrida e daí a uns minutos volta a passar no mesmo sítio mas no sentido contrário e repara que o velhote está agora descalço. ok, não será a coisa mais normal do mundo, mas não esquecer que este é O Negócio Ilícito nº1, e portanto ainda não há desconfiança.

daí a mais uns minutos, na volta seguinte, a maria nota que o velhote está a olhar fixamente para o pé descalço enquanto lhe faz qualquer coisa.

novamente a miopia e a inocência acoplada: coitado, deve ter uma bolha no pé, ou qualquer coisa assim...

errado, mais uma vez!

mais uns minutos, nova passagem na fábrica, e a miopia permite descortinar que a acção envolve algo muito semelhante a uma seringa.




acham justo chamar-lhe O Negócio Ilícito nº1?


há quem fique preocupado com a minha saúde depois de conhecer as minhas aventuras no parque. principalmente o meu pai que, sempre que vou correr, se planta na janela a vigiar e me obriga a levar o telemóvel para o caso de acontecer alguma coisa. mas eu digo-vos só que a meia hora que levo a correr passa muito mais depressa com todos estes acontecimentos!


vamos ver o que acontece amanhã! será que vou descobrir O Negócio Ilícito nº3?

por isso não perca o próximo episódio, porque nós... também não!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

eu detestava correr. ou achava que detestava.

aqui há coisa de 1 mês decidi que não podia continuar sem fazer nada e resolvi aproveitar os últimos 2 meses de "férias" para fazer desporto. correr é a primeira coisa em que se pensa, visto que não implica inscrições em lado nenhum; implica, isso sim, muita força de vontade. claro está que isto se torna um problema grave.

além de me inscrever num ginásio (o da paixão, para quem conhece), comecei a correr de vez em quando. inicialmente algo como 2 vezes por semana, agora pelo menos dia-sim-dia-não.

foi então que descobri que afinal não detesto correr; sinto-me muito melhor física e mentalmente e não é assim tão aborrecido.

tendo companhia é óptimo! o pior é sozinha... a minha melhor amiga é, claro, a minha clementina*, mas ainda assim não substitui o empurrão dado pela pessoa do lado.

no entanto, como só lá vai 1 mês, ainda não me fartei. vou ouvindo música bem alto para impôr ritmo à coisa, vou pensando na vida, e as melhorias no ritmo cardíaco (que vai diminuindo notoriamente de corrida para corrida) vão-me dando alento! além disso, ocupo o meu tempo de forma útil (não consigo passar o dia a fazer o puzzle).

estou satisfeita com a minha opção!






bom, mas tudo isto foi uma introdução para o que eu realmente aqui queria expôr hoje.

quando corro sozinha vou aqui para um spot mesmo em frente de casa, que há-de vir a ser uma urbanização mas que neste momento só tem as estradas feitas. tem então estradas, rotundas, lugares de estacionamento e, no sítio onde deviam estar os prédios, mato - ervinhas e florzinhas. neste momento acaba por servir para algumas pessoas que vão lá passear os cães, e para o pessoal da escola de condução aqui da rua treinar as manobras.

serve também para negócios ilícitos e passo a descrever o negócio ilícito nº2 (ao qual assisti hoje):

são sensivelmente 19h15, o sol ainda não se pôs, e estou eu na minha corridinha, a tentar manter-me abaixo dos 150 bpm. passo à direita de uma casinha da electricidade que há a meio do parque e qual não é o meu espanto quando vejo a olharem directamente para mim um senhor de uma certa idade e uma senhora jovem.

aqui há que referir que eu sou míope (mais ou menos 1,5 em cada olho) e corro sem óculos, e que o parque estava vazio à excepção destas duas pessoas que eu não esperava encontrar, porque ainda não tinha passado por ali e ainda não tinha reparado nelas.

e qual é o problema? - pensa o leitor desta longa e aparentemente desinteressante epopeia.

o problema é que o senhor está de pé encostado à casinha e a senhora está de joelhos no chão de frente para ele...

ora a maria, na sua inocência e pseudo-cegueira, pensa: eu não devo estar a ver bem o que está a acontecer e provavelmente a netinha do velhote está a ajudá-lo a apertar os sapatos ou qualquer coisa assim...

errado, como vamos ver!

a maria continua a correr, decidida que está a não se deixar escandalizar com a possibilidade de algo perfeitamente natural (embora não naquele local).

aqui é de referir que o sol continua a brilhar e os passarinhos a cantar.

cusca como é, a maria volta a passar na zona para esclarecer o mistério. sem nunca se aproximar muito, volta a olhar e verifica que a "netinha" continua de joelhos mas, desta feita, com a cabeça encostada à zona pélvica do "velhote".

a maria fica ligeiramente escandalizada, mas continua a culpar a miopia.

daí a sensivelmente 2 minutos, a maria repara que o "velhote" entrou para um carro estacionado ali perto e a "netinha" vai a pé por ali fora em direcção à parte de trás do parque.





embora não queira fazer ilações precipitadas, penso que podemos chamar a este O Negócio Ilícito nº2.


o que é que acham?






* clementina

domingo, 5 de abril de 2009


a única forma que encontrei de melhorar aqui o espaço foi arranjar um layout diferente. os que eu gosto mais têm todos o mesmo problema, mas para já fica assim.

gostava de aproveitar o facto de estar a fazer um post para dizer alguma coisa interessante, mas não estou a conseguir pensar em nada... vou agarrar no primeiro livro que me aparecer e escrever qualquer coisa da primeira página em que o abrir.

"during photosynthesis, energy from sunlight is harvested and used to drive the synthesis of glucose from CO2 and H2O." *

ok, não aprendi nada de novo. vou mudar de livro.

"pode assim considerar-se que as convenções colectivas - tal como as leis - vigoram até serem substituídas por outros instrumentos de igual ou superior posição hierárquica." **

não faço ideia do que estão a falar... outro.

"joanete - MED. deformação do bordo interno do pé com desvio acentuado do dedo grande para fora, ao nível da articulação metatarso-falângica respectiva." ***


acho que vou dormir. isto assim não vai lá. bom domingo para todos!



* in Cooper, G.M.; Hausman, R.E. The Cell, 3rd Ed., ASM Press, 2004
** in Cordeiro, A.M. Manual do Direito do Trabalho, Almedina, 1991
*** in Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Edição Século XXI, Verbo, 2000


quarta-feira, 1 de abril de 2009