Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen
ando muito poética, eu, não sei o que se passa.
a homenagem de hoje vai a esta senhora. novamente, gosto desta poesia pelo realismo duro dela, sem pretensiosismos, paulo-coelhadas ou ocas filosofias.
mas gosto em particular de uma frase. a frase que, em 26 anos de literatura lida, mais mexeu comigo. não o meu livro ou poesia preferidos, não o meu conto, texto ou página preferidos, nem sequer a minha quadra ou pensamento preferidos - uma frase. não a frase mais bonita, mais bem construída ou mais poética ou romântica, mas a que mais mexeu comigo, mais me fez pensar, mais abalou as minhas convicções.
"Outros amarão as coisas que eu amei."
a uma frase perfeita nada se pode acrescentar.
2 comentários:
tão mas tão verdade, teresinha!!!! que bom reencontrar-te!!!
Um beijo de tamanho do mundo
Ana Paccheco
paulo-coelhadas não só é uma das melhores expressões de sempre, como também me faz lembrar a mónica da turma da mónica e o seu sansão :D
Postar um comentário