quarta-feira, 9 de maio de 2007

mentiras


imaginem que descobriam que uma pessoa da vossa confiança vos mentia, num assunto que, embora não vos diga directamente respeito, vos incomoda e afecta. como se fosse um tabu, toda a gente sabe do que se trata, toda a gente finge que não sabe, e a vida decorre mais facilmente assim. é mais fácil para ambos, por ser um assunto delicado: um finge que não se passa nada porque não quer chatear o outro, o outro finge que acredita que não se passa nada porque preferia que assim fosse e, desta forma, evita-se o confronto. claro que a relação lentamente se degrada, porque ambos vão perdendo o respeito um pelo outro, mas também de outro modo a relação seria muito complicada porque haveria problemas inultrapassáveis, e as discussões ou ressentimentos constantes degradá-la-iam de qualquer forma. assim se atinge um equilíbrio precário.

agora imaginem que descobriam qualquer coisa que punha mais a descoberto esse assunto, como se vissem uma ponta solta. continuariam a fingir que não viram nada, de modo a manter o equilíbrio estável, ou confrontariam a pessoa para ver como ela se desenrascava, apesar de saberem que dali não vem nada de bom? porque a 1ª hipótese seria desculpas mal amanhadas para o acontecido, que não convenceriam ninguém. a 2ª seria a verdade e o confronto, e ainda mais chatice, porque provavelmente teriam de voltar a arranjar maneira de estabelecer o equilíbrio.

imaginem que essa pessoa está na vossa vida, e não há hipótese de deixar de ser assim.


dilema.

4 comentários:

Renato disse...

Ai teresa; se a minha experiência falasse, se a minha experiência falasse! lol

Eu pessoalmente estive no mesmo barco. Posso afirmar, sem nenhum medo, que abri a boca quando descobri coisas que achava incadreditáveis. Reconheço, também, que tenho um pouco a mania do "herói que tem de abrir a boca quando acha que algo não está certo"! Da última vez, pensei muito no que fazer. Abri a boca a quem de devido.
Resultado?

O resultado é que, mesmo toda a gente sabendo das coisas que se passam, continua- se a ignorar porque "dá jeito", ou, como se costuma dizer "se um se afunda, afundamo-nos todos porque estamos todos no mesmo barco" ;)

Sabes, quem tem cu, tem medo! E lembra-te, muito provavelmente ambas as partes têm algo a ganhar... Nem que esse ganhar seja, pura e simplesmente "não perder", deixar ficar...
Nao há almoços de graça! ;););)

Faz o que o teu coração manda!
Eu fiz e, para além de saboroso, é libertador. Com a vantagem de dormirmos muito melhor, na minha opinião!

Boa sorte!

Renato disse...

Apesar de não ter nada a ver, aproveito sempre qualquer coisinha para descarregar! LOL

João disse...

«fuck the pain away», Amor.

somos a melhor equipa (L)

juicebox disse...

...mas acho que embora o segundo equilíbrio seja mais moroso, mais difícil, mais moralmente fatigante de atingir, não deixa de ser por outro lado mais seguro e mais verdadeiro. e eu acho que tu também pensas assim. :)*